A complexidade dos transtornos alimentares através dos sintomas orais.

A psicanálise entra na roda nesse momento, em que a alimentação perde seu sentido de combustível para a vida, deixa de estar a serviço do viver e como num espiral estonteante entra numa alquimia culinária e se transforma em emoção, medo,  horrores, enfim, toda sorte de afetos.

Emagrecer poderá ter a finalidade alucinada de diminuir o tamanho da figura materna interna, favorecendo finalmente o nascimento de seu sujeito desejante (M. Mannoni, 1971). A psicanálise analisa complexidade dos transtornos alimentares através dos sintomas orais e das defesas psíquicas que evidenciam a cisão entre mente e corpo. Todos registros das experiências emocionais estão contidas numa história que perpassa o corpo e esse, por sua vez, refletirá em sua realidade externa os conteúdos psíquicos desorganizados como se fosse um espelho das paixões, ódios e ressentimentos oriundos da relação passional entre mãe e filha. Nesse contexto, a mãe é a personagem principal das dinâmicas alimentares, as infindáveis faltas e seus excessos marcam o psiquismo pré-edípico. A força desta relação fusional pode impedir a entrada paterna e isso, pode eternizar essa retroalimentação, ou seja, mãe e filha encenam no corpo o que deveria permanecer contido na mente. Diante de uma mudez pulsional e se tornam refém do não dizer, engolem a singularidade, a possibilidade de ser único e intensificam a dependência emocional. Unidas pela mesma sina, estão sentenciadas a viver suas vidas expurgadas de seus desejos reprimidos no inconsciente sendo assim, representam simbolicamente seus afetos de amor e ódio no corpo, na forma de lidar com os alimentos, com o não comer, o tudo devorar ou o comer o nada.

Emyli Campos

Psicóloga Clinica

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